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Como diminuir o estresse?

Tem dias que a gente sente que não consegue render, não consegue focar em nada, a memória já não está boa. As pessoas reclamam sempre de não ter tempo. Você se sente assim também? Isso pode ser sintoma de estresse.

De acordo com a International Stress Management Association, 70% dos brasileiros sofre com estresse. Isso representa mais de 148 milhões de brasileiros. É mais chocante ainda saber que, desse total, 30% desenvolve a Síndrome de Burnout, relacionada aos altos níveis de estresse no trabalho, que pode causar consequências graves para a saúde da pessoa. Afinal, é possível evitar o estresse? 

Estresse, na verdade, é um mecanismo fisiológico do organismo que lá no passado garantiu nossa sobrevivência. Nós existimos porque nossos ancestrais se estressavam, isto é, liberavam mediadores químicos tipo a adrenalina, que nos colocam em uma situação de luta ou fuga, o que nos protegeu de situações de perigo no passado e nos trouxe até aqui. 

Então, o estresse, se bem administrado, pode dar mais energia numa situação em que você precise, se algo de urgência acontece. O problema é que, atualmente, estamos prolongando essas situações de estresse na nossa rotina. Esse prolongamento, sim, faz muito mal para nossa saúde. A gente cria situações de estresse que não vão trazer absolutamente nenhuma vantagem na nossa vida, só porque estamos programados para ficar estressados frequentemente.  As nossas crenças fazem parte da nossa programação mental e podem explicar por que nos estressamos em algumas situações.

E como são formadas as nossas crenças? De algumas maneiras diferentes. Vamos pegar o exemplo da generalização. Uma pessoa que passa a infância toda vendo os pais estressados pode generalizar criando crenças de que “todo adulto é estressado”, “para passar credibilidade e responsabilidade você precisa ser ocupado demais”, “o trânsito é estressante” ou “enfrentar a fila do banco é estressante”, dentre outras. E isso não é necessariamente verdade, mas, no mundo que a criança criou na cabeça dela, é. E, se essa é a verdade dela, se nada mudar até ela crescer, ela vai agir assim também e repetir o padrão dos pais. 

É claro que as crenças não são a única razão para uma pessoa estar estressada. Já está comprovado que a falta de sono, profissões de alta pressão e responsabilidade, alimentação inadequada, falta de atividade física, doença grave ou trauma, poluição sonora e visual também determinam o nível de estresse de uma pessoa.

Sobre algumas dessas causas não temos o controle absoluto, sobre outras nós temos. Existem hábitos para ter uma noite de sono melhor, alimentos que podemos consumir para diminuir os níveis de estresse, nós podemos praticar atividade física, nós podemos meditar, ser mais produtivos no trabalho, fazer terapia, tudo isso é possível.  

Apesar de termos todos esses recursos, nós vivemos nossa rotina como se ficar sobrecarregado fosse normal, aceitando tudo que nos pedem sem saber dizer não, acreditando que é normal não dormir bem, sem fazer nada a respeito. Acreditando que é normal estar estressado. 

É por isso que é tão importante mudar o nosso modelo de pensamento sobre o estresse. Muitas vezes a gente acha que quanto mais ocupados estamos, quanto mais estressados estamos, maior nossa imagem de bons profissionais. Carol, que loucura, quem pensa assim?  

Pois é, mas é isso que acontece em alguns filmes que consumimos. Eles apresentam uma mulher de negócios, geralmente a personagem principal, que está super sobrecarregada, cheia de demandas, que não tem tempo para a vida pessoal, não é? Ela é vista como maravilhosa, poderosa etc. Existe uma glamourização muito grande do “estar sempre ocupado”.

Agora, trazendo para a nossa realidade. Muita gente, e eu já cometi esse erro também, em encontros sociais fala que está cheio de coisas para fazer, mas não fala isso com um pesar, como se fosse errado, fala com orgulho de estar crescendo na carreira. E crescer na carreira, de repente, recebe o significado de estar sempre estressado. Às vezes, mesmo não pensando assim, como todos estão estressados ao redor, a pessoa acaba se estressando também, afinal é desgastante a situação. E, assim, a normalização do estresse continua. Só que estresse demais não é normal e faz mal à saúde.   

Será que realmente falar que está ocupado é sinal de sucesso? Ou só significa que estamos com dificuldade de gerir o tempo e de delegar tarefas?  

 E você, quais são as suas crenças sobre o estresse? Você acredita que o mundo é que te estressa e você não tem controle sobre isso?

Quando você pensa em uma pessoa de negócios, como pensa ser a rotina dela? Essa pessoa que você imaginou tem uma rotina estressante?

O fato é que existem muitos contraexemplos por aí, altos executivos com vidas equilibradas, pessoas que acreditam que têm controle da situação e não deixam a vida levar. É só mudarmos o nosso foco para perceber novas possibilidades e criarmos novos hábitos. Isso exige bastante energia no começo, depois passa a ser natural. 

Se sua crença for limitante, está na hora de mudar. Muda essa frase. Produzir mais é ser produtivo e não ocupado. É possível, sim, satisfazer todas as áreas da vida. É possível, sim, dar conta do trabalho e ter tempo para a saúde física, a saúde mental, a família. Na verdade, é necessário, é saudável. Nada nem ninguém tem o poder de abrir nossa cabeça, mexer no nosso inconsciente e provocar estresse. Nós é que interpretamos os comportamentos dos outros e nos causamos estresse com isso. O que nos incomoda não é problema do outro, é problema nosso. E se é nosso, cabe a nós mudar.  

Mas falar é fácil, como faço isso na prática? Olha, não é “do dia para a noite”. Um dia você está estressado e, agora que decidiu mudar, você vai ser a pessoa mais plena do mundo. Isso não existe. É um processo. Identifique hoje com o que você mais se estressa e busque uma maneira de mudar só aquilo. Um passo de cada vez. Buscando sempre o autoconhecimento, o autocuidado, um dia nós chegamos lá. 

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